Fez-se ondas dançantes no lago
E a luz refletia no lago
Mostrando meu rosto mudado
Os sonhos haviam mudado
Os medos haviam mudado
A vida havia mudado
Mostrando-se ser sempre igual.
Às vezes é necessário nos despir de toda essa roupa que com o tempo toma forma e cheiro ao corpo. Nadar em águas violentas
Deixar as memórias putrefatas saírem e dissiparem seus odores fétidos no ar
Fechar os olhos e sentir o chão desconhecido que sempre esteve abaixo de nós
Quebrar os espelhos que refletem carne, apenas carne.
Tomar, pela primeira vez, a estrada da esquerda, e voltar se preciso.
Ás vezes é necessário livrar-nos de nós mesmos para não continuarmos na eterna desvantagem de sermos sempre iguais.
Parada por uma façanha
Meus pés são feitos de chumbo
Assisto temendo o sucumbo
Da pedra que cai da montanha
Sinto uma força tamanha
Como o ataque de uma fera
Feroz e faminta que era
A pedra que cai da montanha
Inerte, quase finada
Cansada de lutar, rezo
Pedindo: Não faças nada
Nefando. A pedra me anela
Já não sei se estou parada
Ou se caio junto com ela
Quando um sentimento transformou-se em água
A água formou um lago
O lago brincou com as folhas
As folhas cairam das árvores
As árvores dançaram com o vento
O vento gritou no ouvido
O ouvido escutou um estrondo
O estrondo acendeu o céu
O céu cuspiu fogo
O fogo queimou o arbusto
O arbusto caiu na janela
A janela era de vidro
O vidro refletiu um cômodo
O cômodo parecia um quarto
O quarto tinha uma cama
A cama tinha um alguém
O alguém era uma criança
A Criança da chuva tem medo
O medo criou um sentimento
O sentimento transformou-se em água
Estás chorando criança?
Sou um pássaro que voa
Sem ter asas pra voar
Subindo eu sigo ligeiro
Mas desço rasgando o ar
Não venho de muito longe
De uma pequena cidade
Onde o medo e a mentira
Não contrastam com a verdade
Sigo voando parado
Sem saber o meu caminho
Nunca paro no meio da estrada
E nunca estou sozinho
Não canto como canta a cigarra
Não canto como o sabiá
Meu canto é mais curto e difuso
Como o trovão que ecoa no ar
Vivo perto do nada
Do desconhecido existente
Longe dos rios e matas
Perto de toda gente
Vivo em uma bola de neve
Que cai de uma grande montanha
Onde o medo e ilusão
Se misturam com esperança
Por onde passo eu levo
Tristeza e destruição
Realço os contrastes que existem
Dentro da população
População já cansada
Exausta de tanto viver
Não percebem quando chego
Seus olhos não querem me ver
E assim continuo seguindo
Meu destino nunca erro
Não sou bicho, não sou gente
Eu sou pássaro de ferro.
(Janine. B.M)
Expor opiniões, criar argumentos convincentes e associar críticas são apenas alguns "dons" que já vêm incluidos na embalagem de todo ser humano.
Desde que a língua escrita tanto quanto a falada foram "inventadas", os nossos "macacaos evoluídos" têm dificuldade em lidar com as palavras. É bem certo que nem todos são assim. Alguns as manuseiam como armas, que cortam ferem e até matam. Outros parecem segurar um sabonete que escorrega entre os dedos.
O que algumas letrinhas juntadas não fazem? Podem te fazer sorrir ou chorar, Podem te fazer reviver sentimentos dantes esquecidos e podem até fazer a alma de quem as escrever transfigurar-se no papel.
Confesso que não sei lidar muito bem com as palavras. Somos inimigos íntimos, somos cão e gato, somos melhores amigos, somos um pouco bipolar. Digo sempre que as palavras são filhas do pensamento, são eles que as produzem, são eles que as manuseiam. Uma mente confusa, dirá coisas confusas.]
Essa introdução toda foi feita para quê? Para falar um pouco sobre mim,oras. Estou precisando fazer uma confissão: Minha mente É MUITO confusa!
Uma vez eu li um texto que dizia que você se transforma naquilo que está escrevendo. Achei muito cabível pra mim, já que quando me proponho a escrever alguma coisa, nunca consigo terminá-la porque meus sentimentos insistem em em falar mais alto. Se em um momento penso em uma coisa, em outro momento penso em outra. Se em um momento estou alegre, no outro momento estou triste. É meio difícil escrever assim... =/
Mas mesmo com esse "problema", desde pequena eu sempre gostei de escrever, seja qualquer coisa. Era uma criança com imaginação fértil, não tinha dificuldade nessa parte. Sempre ganhava os concursos de redação da escola, da igreja ou em qualquer outro concurso que eu participasse.
Talvez isso seja de família, já que a minha mãe, apesar de não ter publicado, tem vários livros e escreve muito bem, mesmo não tendo muito estudo. Eu cresci vendo ela escrever, acho que foi por isso que comecei a escrever também: Ela era/é o meu espelho.
Um dos poemas dela que eu mais gosto é o que fala sobre o pensamento:
"Meu pensamento voa
Como um pássaro perdido
Que tem as asas quebradas
E o coração ferido"
O primeiro poema que lembro que fiz foi um que falava sobre a natureza, com ele eu ganhei segundo lugar no concurso de poesia da escola. Eu tinha uns dez anos.
Agora eu e as palavras estamos brigadas. Faz um ano que não consigo escrever. Por problemas externos, problemas internos, problemas inter-externos e inter-internos (rs) a minha cabeça que antes dava quatro voltas por segundo só está dando uma. Parece aqueles sonhos que você quer se mover e correr mas não consegue sair do lugar. Eu quero escrever e tenho oque escrever mas não sai nada no papel.
Esse blog é justamente pra isso, mesmo que seja uma vez por semana eu vou postar algo aqui. Seja um texto bom ou ruim, mas todos meus.
Quem sabe um dia eu e as palavras não voltamos a se falar e possamos sentar e tomar um chá? Descansar à sombra de uma árvore, ou até brincarmos de roda juntas? E depois iremos brigar e novamente fazer as pazes. Não é este o ciclo das coisas?
Bem se você entendeu isso aqui, parabéns! Se não, parabéns também! Está começando a me entender! (entenda isso como quiser :P)
Palavras, doces palavras
Palavras, amargas palavras
Palavras, férteis palavras
Palavras, devastadoras palavras
Palavras são como o aço: Podem te servir de espada ou podem te servir de escudo.
(Janine B.M)
Gastei toda a criatividade com o texto, não sobrou para o título.
0 comentários Postado por Janine Barcelos às 14:39Quando o amor e o ódio tornaram-se dois pontos quaisquer em um pedaço de papel, desenhei entre eles uma reta, por onde passavam todos os outros sentimentos.
Cada traço, cada forma, cada cor... Era apenas a minha alma se transfigurando através do grafite.
Os primeiros desenhos foram antes do sol chegar. Eram confusos e desordenados. Não existia paralelismo, nem noção de espaço. Tudo era feito aleatoriamente, com traços fortes e espontâneos, porém gentis. Não houve nada além de simples rabiscos.
Quando o sol começava a protagonizar no céu, descobri as cores. Neste momento a primavera chegava no meu desenho: Cores fortes e vibrantes preenchiam os espaços brancos. Comecei a desenhar apenas aquilo que queria ver e não sei o porquê, mas minha alma estava feliz: Subia em grandes árvores de frutos vermelhos que tinham gosto de morango com banana, banhava-se em lagos onde a água era azul bebê, brincava de roda sozinha e quando se cansava, deitava sobre o verde gramado onde tirava um longo cochilo.
Já havia se passado metade do dia. O sol que brilhava mais que o centro da galáxia iluminou com força o desenho. As cores que já eram vibrantes, estavam quase fazendo o papel vibrar junto em uma dança cósmica e os contrastes eram tão fortes que me davam dores de cabeça. Logo aprendi a usar perspectiva. Desenhei dois caminhos estreitos e paralelos que pareciam sumir ao longo de uma planagem. Sumiam no horizonte, parecendo não terem fim. Quando o sol começava a perder sua força, resolvi seguir pelo caminho da direita.
Uma gota de tinta azul cintilante caiu e se difundiu no superior do papel, formando um céu de fim de tarde. Os desenhos que antes eram rabiscos monocromáticos, agora podiam até conversar comigo. Mas comecei a sentir falta de coisas mais simples, traços mais espontâneos e das cores vivas e intensas que agora eram apenas tons pastéis.
A cada passo que dava naquele caminho a minha técnica de desenho melhorava, porém o caminho ficava mais estreito e escuro. Em uma mistura de tristeza e nostalgia comecei a desenhar rostos. Pensei que poderiam me ajudar no momento em que a escuridão roubasse meus olhos. E assim aconteceu...
Com uma voracidade tamanha o céu engoliu o sol, tornando-se negro instantaneamente. Os rostos começaram a falar comigo, mas não demorou muito tempo para eu perceber que a minha própria criação estava me traindo. Neste momento todos os meus sentimentos reduziram-se a um ponto e desse ponto partiram traços violentos, bruscos e hostis. Quando dei por mim o papel estava em pedaços.
Mas o dia ainda não tinha terminado. Ainda restava a noite. Então fui correndo para uma sala onde havia um quadro negro, e com giz comecei a desenhar a lua, mas ela transformou-se em um grande borrão quando as estrelas tornaram-se minhas lágrimas.
E em baixo do céu que chorava desenhei duas montanhas de onde nascia um rio. O rio que nasceu no momento em que minhas lágrimas se tornaram sangue. Sua água era calma, porém profunda. Vagarosamente ele desceu a montanha surrateiro, fez duas dobras, virou não sei para qual lado, e como se já soubesse, morreu onde estava meu túmulo.
Viver é desenhar sem borracha.